Gasolina da Petrobras cai 2% nas refinarias; diesel segue estável
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Valor Econômico

Ao reduzir em 1,9% o preço do litro da gasolina nas refinarias, no sábado, a Petrobras se movimentou na contramão do comportamento do mercado internacional, frente à alta recente do petróleo, e voltou a colocar a política de preços da companhia no centro das atenções de investidores. O episódio, segundo analistas, reforça a falta de clareza sobre os critérios dos reajustes da petroleira, neste início de gestão do presidente, Joaquim Silva e Luna.
Sob comando do general da reserva, que completa esta semana dois meses no cargo, a estatal mexeu duas vezes nos preços dos combustíveis: em 1º de maio, reduziu em 2% os preços do diesel e da gasolina; no sábado, baixou em mais 1,9% a gasolina e aumentou o gás liquefeito de petróleo (GLP) em 6%.
O início de trabalho de Silva e Luna já marca uma mudança no perfil de reajustes, ao diminuir a frequência dos ajustes nos preços. Para efeitos de comparação, a gestão anterior, de Roberto Castello Branco, mexeu nove vezes no preço da gasolina e oito vezes no do diesel em 2021, uma média praticamente de um ajuste a cada duas semanas.
Mais do que a frequência mais espaçada, o que chama a atenção, segundo o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, é a falta de clareza das regras. A administração Silva e Luna tem se posicionado contra o repasse imediato das oscilações do mercado para o consumidor. A empresa alega que avalia se as variações internacionais são de âmbito estrutural ou conjuntural, antes de decidir por reajustes.

“Mas não vejo nenhum movimento estrutural que justifique [a queda da
“Mas não vejo nenhum movimento estrutural que justifique [a queda da gasolina]… Vamos ficar de olho, falta uma sinalização mais clara [sobre a política de preços] e isso traz muita indefinição para o papel. Liga um sinal amarelo, de alerta, para os próximos dias, para as próximas decisões”, comenta Arbetman.
Ele não vê motivos para a redução recente de 1,9% no preço da gasolina, mesmo diante do câmbio mais favorável. Desde 30 de abril, quando a Petrobras anunciou o primeiro ajuste nos preços dos combustíveis sob o comando de Silva e Luna, o dólar caiu 5,27%, mas o barril do tipo Brent acumula uma valorização de 8%, mantendo-se nos últimos dias acima de US$ 70.

O analista cita que a nova gestão da petroleira acertou ao assumir um discurso de continuidade em aspectos importantes, como o programa de venda de ativos e o foco estratégico da empresa no pré-sal e na redução da dívida. A questão dos preços parece ser, hoje, por outro lado, “uma ruptura muito clara” em relação à gestão passada.
Vale lembrar que a troca no comando da estatal se deu após a intervenção do presidente Jair Bolsonaro, descontente com os reajustes da empresa.
A nova administração assumiu prometendo reduzir a volatilidade, sem mexer no princípio de alinhamento dos preços ao mercado internacional – o que não impede que a estatal se mantenha abaixo do preço de paridade de importação (PPI) por um tempo.
No ano passado, a petroleira estendeu de trimestral para anual o período limite de apuração do alinhamento ao mercado global. Esse prazo foi mantido na nova gestão. Isso significa, na prática, que a empresa pode se manter abaixo, ou acima, do PPI por um tempo mais longo, desde que, ao fim de um ano, a companhia esteja alinhada à referência internacional.
Até então beneficiada por um câmbio favorável, a Petrobras viu seus preços começarem a se descolar do PPI em meio à alta recente do petróleo. O líder da área de petróleo da Stonex, Thadeu Silva, afirma que a empresa já vinha trabalhando com uma defasagem e que a situação se agravou após a redução anunciada para a gasolina na sexta-feira. A consultoria calcula que há um espaço, agora, para uma alta de R$ 0,11 no preço do litro da gasolina e do diesel da Petrobras.

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