Produção da Petrobras cai 3,7% no 2º tri vs 1º tri por pandemia; sobe no semestre

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(Reuters) – A produção total de petróleo e gás da Petrobras somou 2,8 milhões de barris de óleo equivalente ao dia (boed) no segundo trimestre, queda de 3,7% ante os três primeiros meses do ano, com impacto da pandemia de coronavírus nas operações, disse a empresa nesta terça-feira em seu relatório trimestral.
Plataforma da Petrobras na Bacia de Santos, litoral do RJ 05/09/2018 REUTERS/Pilar Olivares
Já a produção de petróleo no Brasil recuou 3,2% na mesma comparação, para 2,245 milhões de barris ao dia.
Segundo a estatal, o recuo ocorreu principalmente em função dos impactos oriundos da pandemia da Covid-19, que resultaram em hibernação das plataformas que operam em águas rasas e não são resilientes a baixos preços de petróleo.
Além disso, a empresa interrompeu temporariamente, em função de casos de coronavírus, a produção nos FPSOs Cidade de Santos, Cidade de Angra dos Reis e Cidade de Mangaratiba, na Bacia de Santos, e no FPSO Capixaba, na Bacia de Campos.
A produção nos campos do pré-sal foi 1% inferior ao trimestre anterior, com a interrupção da extração na área de Tupi para desinfecção nos FPSOs Cidade de Angra dos Reis, de 05 a 17 de maio, e Cidade de Mangaratiba, de 30 de abril a 10 de maio.
A empresa ainda relatou atraso na resolução de problemas operacionais cuja manutenção demorou mais que o esperado em função das restrições de embarque decorrentes da Covid-19, principalmente na P-67 e P-74.
Esses eventos foram parcialmente compensados pela menor realização de paradas programadas no segundo trimestre em relação ao início do ano, comentou a empresa.
A Petrobras ainda sofreu com a “queda na demanda, mais acentuada no mês de abril, com recuperação nos meses de maio e junho”.
“Apesar das dificuldades enfrentadas, conseguimos manter a produção de óleo no Brasil no patamar planejado”, afirmou a companhia, que manteve sua meta de produção para o ano de 2,7 milhões de boed, com variação de 2,5% para cima ou para baixo.
Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, a produção total da Petrobras subiu 6,4%.
No semestre, a Petrobras registrou um aumento de 10,4% ante o mesmo período de 2019, para 2,856 milhões de boed.
“A Petrobras enfrentou… crise sem precedentes na indústria, com queda acentuada no valor do Brent, forte diminuição de demanda e excedente de produtos no mercado. Mesmo nesse contexto desafiador, a companhia apresentou um sólido desempenho operacional no período…”, disse em nota.

EXPORTAÇÃO
Se o mercado de derivados no Brasil também foi negativamente impactado pela pandemia, forçando a uma redução na produção de combustíveis, a Petrobras elevou fortemente sua exportação, contando com uma firme demanda da Ásia e levando fatia de rivais naquele continente.
A exportação de petróleo somou 688 mil barris por dia, com alta de 65,4% na comparação com o mesmo período do ano passado, mas uma queda de 14,6% ante o primeiro trimestre.
Já os embarques de óleo combustível aumentaram nas duas comparações, para 195 mil barris/dia, assim como os embarques de outros derivados, para 79 mil bpd.
A estatal lembrou que teve um recorde mensal de exportação de petróleo no mês de abril.
“A realização desse volume representativo possibilitou atuar rapidamente no controle dos estoques de petróleo do sistema e a consequente retomada da produção de petróleo de forma antecipada, retirando completamente as restrições de produção de petróleo por questões de demanda já nos últimos dias do mês de abril”, disse.

MERCADO INTERNO
A força das exportações ajudou a Petrobras a lidar melhor com uma queda nas vendas do mercado interno, também afetado pelas medidas de isolamento para conter a pandemia.
A Petrobras informou diz que a carga processada nas refinarias no segundo trimestre foi de 1,575 milhão de bpd, queda de 7,7% na comparação anual e de 10,7% ante a primeira parte de 2020, com fator de utilização de refino de 70%.
“Praticamente todos os derivados tiveram suas produções reduzidas no 2T20, quando comparadas ao 1T20, em função da queda da demanda pelos efeitos da Covid-19, com destaque para QAV (-81,5%), gasolina (-19,4%) e diesel (-2,4%)”, disse a Petrobras, pontuando que o mês de abril foi o mais afetado.
A empresa relatou que suas vendas de diesel no mercado interno somaram 633 mil bpd no segundo trimestre, com queda de 13,5% ante o mesmo período do ano passado, enquanto as de gasolina somaram 282 mil bpd, recuo de 23,2% na comparação anual.
Com o setor aéreo mais afetado, as vendas de querosene de aviação no mercado interno somaram 21 mil bpd, queda de 81,6% na comparação anual.
A pandemia também afetou os volumes comercializados de gás natural, com redução mais acentuada nos meses de abril e maio e sinais de recuperação no mês de junho, segundo a empresa.
“Devido a essa queda de demanda, houve a necessidade de redução da produção de gás natural em algumas unidades do E&P e praticamente não houve importação de GNL no 2T20”, afirmou.
A queda da demanda no 2T20 também reduziu a importação de gás natural boliviano, possibilitada pelo acordo de transição no âmbito do contrato de suprimento de gás natural com a YPFB.
Houve ainda a declaração de força maior pela Petrobras a outros produtores devido à pandemia de Covid-19, permitindo a redução do volume de retirada para 12 MM m³/dia no segundo trimestre.
A geração de energia elétrica da empresa foi de 1.074 MW médios no trimestre, uma redução de 36% em relação aos três primeiros meses do ano, com a melhora das condições hidrológicas e queda do consumo de energia.

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