Três perguntas: hidrogênio verde, o futuro dos combustíveis

Gasolina continua a subir e trabalhadores optam por transporte público – Times Brasilia
20/05/2021
Petrobras não chega a acordo com subsidiária e empregados anunciam greve
20/05/2021
Mostrar tudo

Monitor Mercantil

Segundo a organização Hydrogen Council (Conselho do Hidrogênio), neste momento, existem pouco mais de 30 países trabalhando para fazer com que o hidrogênio verde se transforme em realidade. São 228 projetos nos mais diferentes estágios, sendo 85% deles localizados na Europa, Ásia e Austrália. Com a redução de custos e desenvolvimento de novas tecnologias, o hidrogênio verde pode se tornar, já na década de 2030, no mais competitivo combustível com baixa emissão de carbono para mais de 20 setores, como transportes rodoviário e marítimo e produção de aço.

Para que tenhamos uma boa dimensão desse assunto, o Conselho do Hidrogênio é uma organização formada por CEOs de empresas como a 3M, Airbus, British Petroleum, CHN (China) Energy, Microsoft e Toyota.
Para que tenhamos uma boa dimensão desse assunto, o Conselho do Hidrogênio é uma organização formada por CEOs de empresas como a 3M, Airbus, British Petroleum, CHN (China) Energy, Microsoft e Toyota.
Conversamos com Leila Pelegrino, economista, professora e coordenadora do curso de Administração da Universidade Presbiteriana Mackenzie em Campinas, sobre o hidrogênio verde, sua utilização e os ganhos para o Brasil com a sua adoção.

O que é o hidrogênio verde? Como ele pode ser utilizado?
O hidrogênio é um elemento químico abundante na natureza e que tem grande potencial de liberação de energia. Apesar de abundante, o hidrogênio não está disponível no planeta em sua forma pura, estando associado a outros elementos. Comumente, é obtido a partir de fontes fósseis, num processo que resulta na emissão de dióxido de carbono (CO2) e outros poluentes atmosféricos.
O hidrogênio verde consiste no hidrogênio obtido a partir de matrizes energéticas renováveis, como eólica e solar. Num processo chamado eletrólise, uma corrente elétrica é utilizada para separar as moléculas de oxigênio e hidrogênio da água.

Seu elevado potencial energético e as pressões para reduzir impactos ambientais e a poluição transformaram o hidrogênio verde num possível combustível do futuro. A grande aposta é de que o hidrogênio verde possibilite a descarbonização do planeta.
O hidrogênio verde tem ampla possibilidade de utilização. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), seu uso é possível na indústria, transportes, edificações urbanas e uso residencial.
Como está a utilização do hidrogênio verde no Brasil e no exterior?
Apesar do otimismo, a produção de hidrogênio verde ainda é muito pequena. Menos de 0,1% do hidrogênio produzido no mundo é proveniente da hidrólise da água com a utilização de matrizes sustentáveis. A razão de sua utilização ainda limitada está no custo dessa produção, que é muito elevado em comparação com o hidrogênio obtido a partir de matrizes fósseis.

As empresas produtoras de hidrogênio verde lançaram a iniciativa global Green Hydrogen Catapult (Catapulta de Hidrogênio Verde). A ideia é promover uma coalizão de empresas da cadeia do hidrogênio verde com vistas a redução dos custos.
A perspectiva é de que a produção e a utilização do hidrogênio verde se amplifique nos próximos anos. A União Europeia tem investimentos previstos em hidrogênio verde de US$ 430 bilhões até 2030. A Alemanha estabeleceu o hidrogênio verde como elemento central no seu projeto de descarbonização da economia. O governo norte-americano também tem manifestado especial interesse no hidrogênio verde em seu plano energético.
Atualmente, a Austrália lidera os planos de produção de hidrogênio verde, com 5 megaprojetos. Também tem projetos em andamento na área na Holanda, Alemanha, China, Arábia Saudita e Chile.
Quais são os ganhos que o Brasil pode ter investindo no hidrogênio verde?
Recentemente, foi anunciado o projeto de construção da maior usina de hidrogênio verde do mundo no Ceará. A iniciativa é da Enegix Energy, empresa australiana de energia, que anunciou investimento de US$ 5,2 bi para o projeto. O projeto estima uma produção anual de 600 mil toneladas de hidrogênio obtidas a partir da combinação das energias eólica e solar.

Grande parte da produção será destinada à Alemanha, mas é possível utilizar a energia gerada para abastecer o aeroporto de Fortaleza, bairros residenciais e a indústria local próxima à usina.
Os benefícios do investimento em hidrogênio verde para o Brasil são inúmeros. O projeto prevê a geração de cerca de 1 mil empregos durante a fase de construção e centenas de novos empregos com alto grau de qualificação quando as operações foram iniciadas. Além disso, o projeto vislumbra a possibilidade de parcerias com as universidades locais para pesquisas e qualificação profissional. Outra vantagem está na perspectiva de desenvolvimento de um ecossistema de empreendimentos na região.
Por fim, a produção de hidrogênio verde no Ceará pode ser um impulso importante na substituição de matrizes energéticas fósseis no Brasil.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *