Álcool importado faz preço da cana cair, diz associação

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Fonte: Jornal do Commercio – PE

A importação do etanol do milho dos Estados Unidos está trazendo mais um problema para o setor sucroalcooleiro local. “O preço da cana-de-açúcar vem caindo desde que esse produto começou a chegar no Nordeste. O aumento do volume do etanol está provocando a queda no valor da matéria-prima”, lamenta o presidente da Associação dos Fornecedores de Cana-de-açúcar de Pernambuco (AFCP), Alexandre Andrade Lima. Ele estima que a queda no preço da planta foi de 11% em Pernambuco.
“No mercado local, o etanol representa 42% na precificação da cana-de-açúcar”, cita Alexandre. O etanol importado começou a chegar ao Nordeste em novembro último. Um levantamento feito pela AFCP mostra que, naquele mês, a tonelada da cana era comercializada por R$ 104,28, obtendo os seguintes valores nos meses seguintes: R$ 100,10 (dezembro), R$ 100,82 (janeiro), R$ 99,82 (fevereiro), R$ 95,56 (março) e R$ 92,70 (abril). Nesse período, o etanol anidro (que é misturado à gasolina) teve uma queda de 12,6% e o etanol hidratado (encontrado no posto) uma depreciação de 6,8% nos valores pagos aos produtores, segundo a AFCP.
O setor sucroalcooleiro de Pernambuco já vem sofrendo com a seca há mais de quatro anos. “Há uma estimativa de que ocorra uma redução de 30% na próxima safra dos fornecedores por causa da estiagem. Esse cenário de perdas mais a queda do preço da cana-de-açúcar vão desestimular novos plantios”, conta Alexandre. O Estado tem cerca de 10 mil fornecedores de cana-de-açúcar, sendo que os mais atingidos pela seca estão na Mata Norte. Geralmente, as usinas têm uma reserva de água dentro das suas propriedades e um maior percentual de área irrigada do que os cultivadores.

TAXAÇÃO
Alexandre argumenta que 80% do álcool importado ficam no Nordeste, impactando diretamente os produtores da região. “O álcool de milho dos Estados Unidos é subsidiado por lá e vem competir com o produtor local”, afirma.
A AFCP, União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida), a Federação Nacional dos Plantadores de Cana (Feplana) estão fazendo uma articulação junto ao Ministério da Agricultura para que o etanol americano tenha uma taxação de 20%. Essa taxação existia, mas foi suspensa em 2011.
Uma parte do setor está dividida com relação a essa taxação. “A entidade das usinas paulistas (Unica) vem agora isoladamente propor a taxação menor na ordem de 16%, quando o valor que as demais entidades do setor pleiteiam é de 20%”, critica Andrade Lima, acrescentando que a importação contribui para gerar mais emprego lá fora.

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