Com Liquigás, Ultra terá 45% do mercado

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O Conselho de Administração da Petrobras é o órgão de orientação e direção superior da companhia

Fonte: O Globo
Após meses de negociação, o Conselho de Administração da Petrobras aprovou ontem a venda de sua subsidiária, a Liquigás — distribuidora de gás de GLP, o gás de botijão — para a Ultragaz, controlada pelo Grupo Ultrapar, por R$ 2,8 bilhões. Com a aquisição, o Grupo Ultra, que tem entre seus ativos a rede de postos Ipiranga, não só consolidará sua liderança no mercado de gás de botijão como ampliará a diferença em relação aos concorrentes. Juntas, elas terão fatia de 45% do mercado. Atualmente, a Ultragaz tem uma participação de 23,5%, seguida pela Liquigás, com percentual de 22%. A operação está sujeita à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
De acordo com fontes a par da negociação, a proposta do Grupo Ultra foi considerada “bastante agressiva”. A empresa aceitaria assumir dívidas e passivos trabalhistas. Indagada sobre o assunto, a gerente-executiva de Aquisições e Desinvestimentos da Petrobras, Anelise Quintão, destacou que a Liquigás é uma empresa “bastante enxuta”, com boa performance e baixo nível de endividamento, com 3.200 empregados contratados.
Outra empresa interessada na Liquigás, a Supergasbrás, do Grupo SHV, ofereceu R$ 2,5 bilhões, mas, segundo fontes, exigiu que a estatal fizesse o provisionamento de passivos trabalhistas e de processos administrativos com o Cade e a Agência Nacional do Petróleo (ANP).
CONCENTRAÇÃO EM SP E BAHIA A compra da Liquigás pelo Grupo Ultra tem sido alvo de críticas de alguns segmentos, inclusive o de revenda, em razão do receio de aumento da concentração do mercado. Hoje, cerca de 80% do mercado de GLP já estão concentrados em apenas cinco empresas distribuidoras.
A Liquigás está presente em quase todo o território nacional, com 23 centros de operação, 19 depósitos, uma base de armazenagem e carregamento rodoferroviário e uma rede de 4.800 revendedores autorizados. Segundo fontes, com a aquisição, São Paulo e Bahia são os mercados nos quais a concentração ficaria mais evidente. Na Bahia, a Ultragaz tem fatia de 44% e a Liquigás, de 16,4%. Em São Paulo, o Grupo Ultra tem 37,2% do mercado e a Liquigás, 19,8%.
Durante as conversas, segundo fontes, a Ultrapar destacou aspectos como a melhoria da qualidade dos serviços com a operação. A empresa teria argumentado ainda que sua posição no mercado deve ser avaliada levando em conta não só sua participação no mercado de gás de botijão, como também no de gás natural. O Grupo Ultra não teria intenção de dividir a Liquigás e, portanto, estaria disposto a cumprir o que o Cade determinar.
— A proposta do Ultra é bastante agressiva porque eles querem comprar a Liquigás. Não pensam em dividi-la, mas será respeitado o que o Cade decidir — disse a fonte.
Até o julgamento da operação pelo Cade, as companhias continuarão operando em separado, como concorrentes. A operação também precisa ser aprovada pelas assembleias das duas empresas. Segundo Anelise, qualquer que seja a decisão do Cade, ela será de responsabilidade da empresa compradora.
O montante da operação será corrigido pelo Certificado de Depósito Interbancário (CDI) entre as datas de assinatura e de fechamento da operação. O valor ainda estará sujeito a ajustes em razão das variações do capital de giro e da posição de dívida líquida da Liquigás entre o fim de 2015 e a data de fechamento da transação.
A venda da Liquigás faz parte do plano de desinvestimento da Petrobras, que tem como meta atingir US$ 15,1 bilhões entre 2015 e 2016. Até agora, a empresa já levantou US$ 9,8 bilhões com a venda de ativos em Argentina e Peru, de participações em campos do pré-sal (Carcará) e da rede de gasodutos do Sudeste. A gerente estima que, com a venda da Liquigás, o montante chegue a cerca de US$ 11 bilhões. Para o período de 20172018, a estatal planeja vender ativos que somem US$ 19,5 bilhões. (Ramona Ordoñez)

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