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Fonte:Valor online

O consumo de gás natural no Brasil em julho totalizou 73,4 milhões de metros cúbicos diários, um aumento de 6,41% em relação ao mesmo período do ano passado e de 1,53%, na comparação com junho deste ano, de acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) aos quais o Valor teve acesso com exclusividade.
Um dos destaques do levantamento foi o segmento industrial, que obteve o seu melhor desempenho em 37 meses. Com alta de 6,29% na comparação com julho do ano passado e de 1,85% em relação ao mês imediatamente anterior, o consumo do setor somou 29,3 milhões de metros cúbicos diários – foi a primeira vez que o mercado industrial ultrapassou a marca de 29 milhões de metros cúbicos diários desde outubro de 2015.
“Isso demonstra a recuperação da economia. A expectativa é que o mercado industrial continue essa ascensão, elevando o consumo. Até o fim do ano, a expectativa é que ele supere os 30 milhões de metros cúbicos/dia", disse o gerente de Estratégia e Competitividade da Abegás, Marcelo Mendonça.
"O que demonstra essa recuperação da economia é o aquecimento também no setor comercial", completou.
De acordo com a Abegás, o mercado de gás natural para o segmento comercial alcançou 927 mil metros cúbicos diários em julho, com alta de 14,80%, ante igual período do ano passado, e de 12,07%, em relação a junho deste ano.
O segmento de geração termelétrica também teve desempenho positivo na comparação anual, com alta de 3,76%, totalizando 31 milhões de metros cúbicos diários. Em relação a junho, porém, o mercado termelétrico registrou queda de 1,54% no consumo de gás.
"A expectativa é que realmente até o fim de 2018 elas [térmicas] permaneçam com despacho [acionamento] elevado, porque os reservatórios [hidrelétricos] estão muito baixos", afirmou Mendonça. "Até para garantir a segurança energética, é necessário que as térmicas estejam despachando no limite durante todo o período seco e entrando no período úmido, como forma de recuperar os reservatórios", disse o gerente da Abegás.
Outro segmento que vem se destacando é o automotivo, com consumo de 5,9 milhões de metros cúbicos diários em julho, uma alta de 13,31% ante igual mês do ano passado. Em relação a junho, porém, o mercado automotivo apresentou ligeira queda, de 0,47%.
"As conversões [de veículos para rodarem com gás natural] aumentaram muito durante o período da greve dos caminhoneiros. E esse reflexo nas vendas ainda vai aparecer ao longo do segundo semestre. A nossa expectativa é muito positiva em relação ao GNV [gás natural veicular]", disse Mendonça.
Com relação às eleições, a Abegás entregou às lideranças das campanhas dos presidenciáveis e aos candidatos para a Câmara dos Deputados e para o Senado um documento de 52 páginas com propostas estruturantes para o desenvolvimento do mercado de gás natural no país.
Entre as sugestões apresentadas pela entidade estão a adoção do acionamento de termelétricas "na base", ou seja, de forma contínua; o estímulo à conversão de veículos pesados para rodarem com GNV; maior abertura do setor de gás natural; e o acesso dos investidores infraestrutura de transporte de gás.
"Nossa intenção com este documento é mostrar que é preciso promover a abertura do mercado de gás natural a partir do acesso às infraestruturas essenciais, gasodutos de escoamento da produção e unidades de processamento, e da desverticalização do transporte. O objetivo é fazer com que os produtores, que hoje negociam sua produção para a Petrobras, possam vender diretamente para o mercado, o que dará condições para a formação de um mercado livre de gás, pois não há mercado livre com um único supridor", acrescentou o presidente da Abegás, Augusto Salomon.
A Associação Brasileira de Biogás e de Biometano (Abiogás) também apresentou um conjunto de propostas e pleitos aos candidatos à Presidência do país. No documento, a entidade, que reúne investidores dos setores de biogás e biometano, destacou quatro pontos: a continuidade do programa RenovaBio (de descarbonização no setor de transportes); planejamento energético com vistas à baixa emissão de carbono; redução da dependência nacional de diesel importado; e a abertura mais ampla do mercado livre de energia elétrica.

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