Petróleo perde força apesar de novo acordo da Opep

Opep avaliou corte extra de até 1,5% na produção e pode reviver proposta
01/06/2017
Produção de petróleo aumenta 10,9% na comparação com abril de 2016
01/06/2017
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Fonte: Valor Online

Muitos agentes do mercado de petróleo argumentavam que era essencial que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e nações aliadas estendessem ao menos até março do ano que vem seus cortes de produção que começaram em janeiro, se quisessem de fato reduzir os estoques globais e ajudar a equilibrar a oferta e a demanda. O acordo foi prorrogado e, mesmo assim, os preços caíram. Ontem, o barril do Brent terminou maio valendo US$ 50,31, caindo 3% durante o dia na ICE Futures de Londres. O recuo durante o mês foi de 3,2%. Já o WTI de igual mês, negociado na Nymex, de Nova York, foi a US$ 48,32 após queda de 2,7% no dia e de 2,3% no mês. Há duas principais explicações para o movimento. A primeira é de que muitos investidores passaram, às vésperas da reunião do cartel, no dia 25, a apostar que, além da extensão, haveria aprofundamento dos cortes, o que não ocorreu. A segunda é a ameça do xisto nos Estados Unidos. O ritmo de aumento na produção americana de petróleo provavelmente fará com que o país supere seu próprio recorde histórico, de 10 milhões de barris diários em novembro de 1970, até o último mês deste ano, prevê a consultoria Rystad Energy. Segundo os cálculos da consultoria, atualmente a produção americana atinge 9,4 milhões de barris por dia. A expectativa é que esse volume cresça, em média, 95 mil barris em todos os meses até que 2017 termine. Ou seja, há potencial de avanço em 665 mil barris até dezembro, ultrapassando 10 milhões de barris. "A US$ 50, a produção de petróleo nos EUA já sobe mais rápido do que qualquer analista do mercado tenha previsto", comenta, em nota, Bjornar Tonhaugen, vice-presidente de mercado de petróleo da Rystad. "Com isso, o otimismo inicial quanto aos cortes da Opep pode se transformar em ceticismo." Esse avanço rápido mina os potenciais ganhos do teto produtivo da Opep e seus aliados. Nas contas da consultoria Capital Economics, estender até o primeiro trimestre do ano que vem os limites significa um déficit médio de 1 milhão de barris diários no mundo durante um ano. A rapidez do xisto americano, assim, tem de ser observada. Segundo o alemão Commerzbank, o fato de não ter havido nenhuma adição ao volume de cortes pretendidos fez com que os investidores voltassem a apostar contra a commodity, montando posições vendidas. "A verdade é que os preços provavelmente seguirão em queda até que haja um sinal claro de diminuição dos estoques", diz o analista Eugen Weinberg, em relatório. Passada a decisão da Opep, para Jodie Gunzberg, diretora da S&P Dow Jones Indices, atualmente EUA e China são muito mais representativos para a formação de preço do petróleo. Ela lembra que a demanda chinesa será chave para determinar se o mercado de fato entrará em déficit para que os estoques globais sejam utilizados. Caso a valorização se torne muito aguda, o país pode até começar a usar suas próprias reservas, evitando pagar caro demais pelo barril. Além disso, Gunzberg afirma que a China tem, no pior caso possível, condição de começar a exportar suas reservas e influenciar o preço. Por outro lado, o país tem potencial para criar um piso para a cotação, já que valores baixos demais incentivariam um aumento das reservas.

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