Novas regras para combustível vão afetar commodities

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Fonte: Valor Econômico

Uma mudança na regulamentação internacional dos combustíveis, pouco discutida fora do círculo das empresas de navegação, vai sacudir o mundo das commodities. Para tentar coibir as emissões de gases causadores do efeito estufa, a Organização Marítima Internacional (OMI) da Organização das Nações Unidas (ONU) determinou um limite ao conteúdo de enxofre no óleo diesel marítimo a partir de 2020.
Embora seja boa notícia para o meio ambiente, a mudança nas regras também ameaça elevar os preços dos combustíveis para empresas aéreas e consumidores em geral nos postos, assim como as tarifas de frete. “É muito, muito complicado”, diz Lars Robert Pedersen, secretário-geral adjunto do Conselho Marítimo Internacional e do Báltico (Bimco, na sigla em inglês), que representa os donos de cerca de 60% dos navios mercantes do mundo. Há seis meses, a OMI, órgão que governa a navegação internacional, decidiu reduzir o limite de enxofre no combustível marítimo de 3,5% para 0,5% em 2020.

Daqui a dois anos e meio, os donos de navios vão ter de passar a usar um combustível de melhor qualidade e mais caro; investir em sistemas de controle das emissões, conhecidos como “purificadores”; ou aderir a combustíveis alternativos, como o gás natural liquefeito (GNL).
Muitos analistas preveem que a maioria optará pelo combustível de maior qualidade. Uma pesquisa do banco UBS com 51 proprietários de navios mostrou que 75% dos consultados estão dispostos a comprar a gasolina com menor teor de enxofre.

Seja qual for a mudança adotada pelos donos de navios, o custo vai ser alto. Algumas estimativas indicam que o custo de navegação pode aumentar até 85%. O efeito dominó da mudança nas regras do combustível marítimo deverá estender-se além da frota mercante mundial e atingir a indústria petrolífera e a comercialização de commodities.

“Isso é enorme”, diz Kho Hui Meng, chefe na Ásia da Vitol, principal negociadora independente de petróleo. “Vai dar uma reviravolta no setor de comercialização.” A redução no limite de emissões do óleo diesel marítimo é “facilmente a mudança mais dramática nas especificações de combustível em qualquer mercado de produtos petrolíferos em escala em escala tão grande", segundo a Agência Internacional de Energia (AIE).
O problema para o mercado de petróleo é duplo. Embora o óleo diesel marítimo de alto teor de enxofre represente apenas 4% da demanda mundial por petróleo, segundo a AIE, o mercado de navegação tradicionalmente é um canal importante para as refinarias, que aproveitam resíduo de outros processos de refino para produzir o combustível pesado usado pelos navios. Kho diz que cerca de 3 milhões de barris de óleo diesel marítimo de alto teor de enxofre vão deixar de ser consumidos. "Ainda estamos tentando descobrir quais vão ser as implicações."

O segundo problema é que a maior demanda por combustíveis com baixo teor de enxofre vai exacerbar as dificuldades com a falta de capacidade de produção e também elevar os preços dos combustíveis para automóveis e aviões.

"Como os principais produtos limpos - gasolina, combustível de aviação e diesel - estão intimamente relacionados, quando a demanda e o preço de um aumentam, isso tende a elevar os preços dos outros", disse Martin Tallett, presidente da Ensys.

Os mercados do produto já refletem a mudança das regras, com os preços futuros do combustível de alto teor de enxofre para 2020 em queda e os do referencial de óleo diesel marítimo de alta qualidade e de baixo teor de enxofre em alta, segundo a S&P Global Platts.

A firma de consultoria Wood Mackenzie, especializada no mercado de combustíveis, estima que os custos da indústria de navegação com o óleo diesel marítimo poderiam subir até US$ 60 bilhões, mais de 50%, para US$ 174 bilhões, em 2020. Sushant Gupta, que trabalha na empresa como diretor de análises sobre refino na Ásia, calcula que com a mudança n

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http://www.valor.com.br/empresas/4989792/novas-regras-para-combustivel-vao-afetar-commodities

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