Eletrificação e combustível alternativo ajudam a reduzir emissões de veículos

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Embora esteja longe de assumir compromissos como a União Europeia, que promete abolir os combustíveis fósseis de seus caminhões até 2040, o Brasil conta com recursos estratégicos para reduzir o CO2 lançado pelos veículos. O país tem, por exemplo, potencial para substituir por gás biometano até 70% do diesel que consome, conforme estudo da Associação Brasileira de Biogás e Biometano (Abiogás).

De modo complementar, os veículos elétricos, uma das grandes apostas no mundo para a contenção de emissões, começam a ampliar seu espaço no país. As venda em 2020 cresceram 66,5% em relação a 2019, chegando a 19.745 unidades, segundo a Associação Brasileira de Veículo Elétrico (ABVE). Com esse resultado, a frota elétrica chega a 42.269 unidades. Mas, embora recorde, a produção de 2020 significou apenas 1% da fabricação total, muito pouco ainda para uma fonte de energia limpa com vocação para ser predominante.

“O futuro não será apenas elétrico, mas sim eclético”, afirma Gustavo Bonini, diretor institucional da Scania Latin America. O uso de combustíveis alternativos ou a eletrificação, diz, dependerá da vocação e da solução disponível em cada mercado. “O Brasil, por exemplo, conta com o etanol para gerar eletricidade e com o bagaço da cana para produzir gás. Mas para avançar no desenvolvimento sustentável, o país precisa fortalecer toda a cadeia de transporte por meio de investimentos em infraestrutura e em uma matriz energética que seja diversificada”, afirma.

Nesse sentido, “o gás se coloca como uma ótima opção”. Apelidado de “pré-sal caipira”, o potencial do biogás resulta do fato de o país ser um dos maiores produtores do agronegócio. Mas não é a única opção, ressalva Bonini: “Temos o etanol, o biodiesel e a eletrificação”.

A montadora comemorou a venda de 50 caminhões a gás no Brasil, como “mais um passo na sua meta de reduzir globalmente 50% de emissão de gás carbônico”. Na América Latina, a Scania já comercializou 2.300 veículos a gás. Em 2020, a planta em São Bernardo do Campo produziu mais de 1.000 unidades entre caminhões e ônibus movidos a gás.

A Volvo, por sua vez, afirma estar na vanguarda global na eletrificação do transporte. “Os caminhões elétricos da marca estão tendo sua comercialização feita de forma gradativa”, diz Alan Holzmann diretor de estratégia de produtos da Volvo. Dois modelos para distribuição urbana já são vendidos na Europa desde 2019 e toda a linha de elétricos passa a ser comercializada lá a partir de 2022. Modelos elétricos também estão sendo vendidos nos EUA e na América Latina. “A eletrificação é um movimento global para mitigar o impacto das emissões no meio ambiente e da exaustão dos recursos naturais. Este deverá também ser o caminho adotado pelo Brasil.”

Segundo o diretor da Volvo, a eletrificação deverá ser impulsionada inicialmente por veículos de uso urbano, principalmente os comerciais leves, no transporte de resíduos e, na distribuição de mercadorias. Na sequência, os veículos para as entregas regionais e de longa distância.

Márcio Querichelli, líder da Iveco na América do Sul, estima que o uso do gás natural é opção mais viável a curto e médio prazo mais do que a eletrificação. “Já temos uma boa infraestrutura e tecnologia para a utilização de GNV”, acrescenta. Na sua avaliação, é preciso um “debate maduro” com a ampla participação sobre a utilização de combustíveis alternativos. Uma condição é essencial para o avanço das energias limpas: retomada dos investimentos em produtos movidos a combustíveis e trações alternativas e investimentos na infraestrutura energética, “já que a demanda por energia aumentará significativamente para atender à introdução dos veículos elétricos”.

Para o professor e gerente do núcleo de sustentabilidade da Fundação Dom Cabral Heiko Spitzeck, não adianta produzir carros elétricos se a infraestrutura não oferece pontos de abastecimento. “Sem alinhamento não há como assumir um compromisso semelhante ao europeu no Brasil e o governo não parece particularmente preocupado com questões climáticas.”

O presidente da Anfavea, associação que representa as montadoras, Luiz Carlos Moraes, diz que a entidade está mapeando as matrizes energéticas para identificar gargalos. Para ele, “o país não tem ainda uma visão de Estado sobre a questão”, como ocorre na Europa. Porém, esse debate é urgente também para não se perder “o grande ativo do país, que é o etanol”.

Fonte: Valor Econômico

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